quinta-feira, 25 de março de 2010

A tolerância ao canalhismo e ao cafajestismo.

O Big Brother não serve pra absolutamente nada. De qualquer forma é uma maneira inteligente da Globo faturar muito dinheiro com os anúncios, merchandising e ganhos telefônicos proporcionados pelos milhões de seguidores do programa.
Muito se diz a respeito da manipulação dos resultados e até mesmo sobre a edição das imagens que chegam ao público que participa das votações preservando ou dinamitando determinados participantes.
Não é, entretanto, exatamente isso que me preocupa. A programação dos canais de televisão anda mesmo nessa linha de rodapé e nada ou quase nada se poderia classificar como proveitoso ou interessante para a cultura ou educação da população. Mesmo os programas que teimam em parecer de entretenimento ou pseudo-informação (Fausto, Silvio, Gugu, Ratinho, Datena, Jô, Ana Maria, Angélica, Xuxa, Hulk, Eliana e outros quetais) se equiparam ou perdem em “conteúdo” para um “Chaves” da vida, o que, cá entre nós, é muito triste.
O mais preocupante, porém, é o resultado das votações, verdadeiras ou nem tanto, dos chamados paredões do caça milhões da Globo/Endemol. Supõe-se que as mulheres sejam a maioria entre os eleitores. Todos com quem converso dizem que o jogador Marcelo Dourado, dentre os participantes, é o que reúne, no mínimo, as maiores características de mau-caratismo da casa e, no entanto, um dos menos votados quando se trata de eliminação.
Esses dados, aliados à convicção de que mães e professoras, mais do que pais e professores, são as maiores responsáveis pela educação e formação da personalidade de filhos e alunos, me deixa o pavor de que estejamos preparando uma geração de pessoas ainda mais tolerantes ao canalhismo, ao cafajestismo e à discriminação racial e sexual.
O grande problema é que já temos canalhas, cafajestes e discriminadores demais. Todos se dando bem na vida pública, sentimental e financeira. De que maneira é que se vai incentivar alguém a ter caráter, honestidade, decência e a respeitar as diferenças? Com a promessa do paraíso depois da morte?.
Se não tiver outro jeito, pelo menos o Boninho (manda-chuva do programa e um dos que atirava ovos podres nos transeuntes da Barra da Tijuca) poderia permitir que toda semana o Bial e o Valverde fossem também ao paredão. É claro que assim como o Dourado, continuariam no “irreality show”. Mas, e a esperança é a última que morre, quem sabe num descuido das moças votantes um deles não seria defenestrado?

3 comentários:

Unknown disse...

gosto demais de tuas postagens, flávio. acho teus textos estimulantes feito um café forte.

estou numa fase de 'dane-se a próclise/ênclise/mesóclise', cada vez mais santista em minhas próprias colocações. pode?
então, como é q tu explica o fato, q tu comenta nesta tua última postagem, o fato de q a mulher está tão presente no magistério no brasil? e na educação das crianças e jovens, em geral...

percebo isso também. trabalho numa sala com outros 19 professores, e hoje, por exemplo, estão aqui apenas 4 meninos. e hoje estamos bem fornidas, pq normalmente é apenas um, no máximo dois representantes do gênero masculino entre nós.
inda vejo outro fenômeno q incomoda mais: a presença dos meninos na área é vista com uma estranheza q beira o preconceito.

será q dá prá dialogar por aqui?

Flávio Paes Pedro disse...

Obrigado Aninha. Apesar do modem, continuo assim meio que no pombo correio: de vez em quando voa. Prá mim ainda tem a ver com a tradição machista de que mãe é quem cuida das crianças, apesar da emancipação, ou quase, feminina. Pai não cuida da educação dos filhos (nem próprios e nem dos outros). Acho que vem melhorando, mas ainda demora. Entendo que tem a ver também com os salários de merda que são pagos aos professores. Fica assim tipo "o salário mais baixo cabe à esposa" e o "cabeça do casal" vai em busca de melhores ganhos.
Quanto ao preconceito, acho que existe sim. Tem a ver, na minha opinião, com o número de homosexuais no magistério e com a indestrutível estupidez humana (não esquecer que há não muito tempo, todo jogador de futebol era vagabunmdo e toda atriz, prostituta). Beijos.

Unknown disse...

querido, tu soube q estive doente? não abandonei nosso papo, tava no cantinho, botando as tripas prá fora, com dengue hemorrágico.

e passei uma raiva ontem q nem te conto: escrevi até fazer calo na pontinha do dedo e o blogger comeu minha postagem!!!

fiquei doida!

comentei que tive uma vivência pessoal diferente. minha família é protestante, e em casa todo mundo trabalhava fora, desde cedo. cresci com meus avós, que tinham uma divisão de trabalho bastante incomum: não era difícil ver o velhinho, q era corretor de imóveis, pilotando um fogão enqto minha avó, de enchada em punho, plantava cenouras. meu tio, que era vizinho e foi um grande paradigma de macho prá mim, era músico, passou a maior parte da vida entre escolas de música e o desemprego, e quem tocava a casa era minha tia. divinha em q profissão...
ela dava aula nos 3 períodos e quem cuidava da casa e do filhote era ele.
não posso dizer q fugi do padrão q tu cita em teu post, já que criei meus filhos dentro do sistema ocidental católico de divisão de tarefas. meu marido sempre trabalhou em outra cidade, sempre teve de viajar muito a trabalho e eu sou o q?! professora, claro...
apesar de me sentir muito sozinha qdo as crianças eram pequenas , principalmente qdo tinha de tomar alguma decisão mais complicada, sempre achei mais fácil deixar meu maridinho à margem q aturar os destemperos dele.

tudo isso prá chegar à seguinte conclusão: a ausência do homem na educação, tanto formal quanto informal é, prá mim, muito mais um problema de preguiça de lidar com enfrentamentos, discussões, argumentações e diálogos q qualquer outra coisa.

o preconceito a q me referi nem se refere à questão da homossexualidade, não. o q tenho visto é q os homens, a não ser q sejam mesmo homossexuais ou q estejam lecionando educação física ou informática, são vistos como pedófilos. as próprias professoras trazem este precondeito para dentro do ambiente escolar. elas mesmas consideram q se um homem gosta de lecionar é pq ele é homossexual ou doente.

durma-se com um barulho destes.

beijão prá ti, querido. se tu não estiver muito cansado da conversa, continuemos...