domingo, 9 de junho de 2013

Difíceis dias.

Difíceis dias estes. Há quatro anos, desde o acidente, o período entre o final de maio e o começo de junho tem sido de difícil transição. Em vinte de maio o acidente, em dois de junho o aniversário dela e em oito o aniversário de casamento. Eu e os moleques voltamos ao cemitério, em 20, e recolocamos, junto ao nome da Márcia, a rosa vermelha de biscuit, feita por ela, que havia sido retirada para correção da plaquinha da lápide. Dia dois a lamentação pelo que deveria ser o seu 58º aniversário e hoje o que seria o 39º do casamento. Estranho como são marcas indeléveis essas gravadas na memória. Estranho como ocorrem coincidências ou como associamos fatos corriqueiros às nossas lembranças, chamando-os de coincidências. Sem falar dos anteriores, refiro-me ao de ontem. Caminhava pela praia, já pensando no dia de hoje e nas poucas vezes que viemos até Peruibe (outra das inúmeras coisas das quais me arrependo) quando vi, escrito na areia o nome dela. Não cheguei a ver quem o escreveu e já não havia pessoa próxima a quem eu pudesse atribuir a autoria. Estava com a máquina fotográfica e passei pelo escrito. Parei logo depois e pensei em fotografar o nome. Como a maré subia achei que não daria tempo já que as ondas apagariam as letras. Retirei a máquina da bolsa e a liguei julgando que seria inútil já que a água se aproximava depressa. Por uma das tais coincidências a espuma da onda parou junto ao nome mas não o suficiente para afetá-lo. Fiz duas fotos e me afastei sem olhar para trás. Achei melhor não ver o nome sumindo. Preferi lembrar dele ainda gravado, como de todas as coisas que os quase quarenta anos de convivência marcaram em mim.