terça-feira, 23 de março de 2010

O aguardado resultado do Prêmio Clientela.


O ano passado, em razão do péssimo atendimento que tive de bancos, seguradora, empresas de telefonia fixa e móvel, administração pública, etc, resolvi instituir o prêmio Clientela para ofertar à empresa que mais se destacar no descaso aos seus consumidores e clientes.
Estivéssemos num outro local, mais sério, onde os contratos descumpridos, as propagandas enganosas e os verdadeiros estelionatos fossem efetivamente punidos, a história seria outra. Aqui, onde nem as agências reguladoras governamentais (tipo Anatel) funcionam, é preciso outra atitude. É preciso que os próprios consumidores metam a boca no trombone para avisar uns aos outros que produtos ou marcas deveriam evitar. Não se pode esperar muito da mídia, notadamente dos grandes veículos (a chamada mídia gorda ou paquidérmica) que tem o rabo preso com os anunciadores.
No meu caso a disputa mais renhida ocorreu entre a Marítima Seguros, a Telefonica e o Instituto de Previdência do Estado de São Paulo. Espero esquecer a primeira, já que nunca mais contratarei seus serviços. Já a segunda e a terceira, aparentemente não há muito como fugir. A segunda porque, para telefonia fixa, aqui, ao que me consta, não pode haver outra empresa prestando o serviço e a terceira porque, como funcionário público aposentado, não há para onde correr.
Sabem os eventuais seguidores destas mal traçadas linhas que Clientela era o nome de uma vagabunda cadela que primava em defecar no meu mal cuidado gramado.
Sabem também, ou deveriam saber, que Clientela faleceu deixando filhos, filhas e numerosos amantes. Tratava-se de uma cadela amiga que abanava o rabo quando lhe aprouvesse e, quase sempre, quando tinha algum interesse imediato, via de regra, relacionado a afagos ou à alimentação. Óbvio que ficava muito mais afável quando algum vira-lata canalha se aproximava dela, mas isso não lhe tira o mérito e nem a justiça da homenagem (gostar ou preferir os mais canalhas não era privilégio dela, haja vista alguns dos programas mais vistos da nossa televisão ou mesmo as votações de programas do tipo Big Brother).
Das empresas que concorreram ao laurel, a vencedora, com vários corpos de vantagem, foi a espanhola empresa de telefonia Telefonica. Estranhamente, meu computador teima em grafar telefônica, fechando o “ó” da empresa (na Espanha eles preferem o “ó” bem aberto). Aqui, imagino que já pensando na reação do público quanto aos maus serviços, por precaução, optaram por um “ó” médio, nem tão arreganhado e nem tão fechado. Foi quase covardia. Em todos os quesitos a empresa ganha de lavada. Desrespeito ao que foi contratado, propaganda enganosa, descaso, desleixo e duas ou três dezenas de eteceteras.
Ao que imaginamos, o segredo sobre o vencedor da premiação (guardado a sete chaves) deve ter vazado. Tanto assim que, para impedir a divulgação do nome da empresa, desde dezembro último estamos sem telefone fixo e, por conseqüência, sem Internet. Porém, como somos brasileiros e não desistimos nunca, surrupiamos um modem de um seguidor (sosseguem os demais seguidores já que não há possibilidade desse fato repetir-se) e lançamos ao mundo o tão aguardado resultado:
O Troféu Clientela vai para: Telefonica!
The Clientela Trophy goes to: Telefonica!
Die Clientela Trophäe geht nach: Telefonica!
El Trofeo Clientela va a: Telefónica!
Le Tropheé Clientela va à: Telefonica!
Il Trofeo Clientela va a: Telefonica!

Como música tema do ato da premiação, da obra de Chico Buarque de Holanda “Geni e o Zepelim”, o verso (traduzido para vários idiomas) “Joga bosta na Geni”, com o nome da famosa prostituta sendo substituído pelo nome da empresa vencedora.
No palco, num gigantesco telão, imagens da saudosa Clientela obrando.
“Joga bosta na Telefonica;
Throw shit on Telefonica;
Tire mierda em Telefónica;
Jeter merde sur Telefonica;
Gettare merda su Telefonica.”

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