segunda-feira, 22 de março de 2010

O passamento de Clientela.

Quando, no ano passado, absolutamente inconformados com os péssimos serviços que recebíamos de empresas, órgãos públicos e outras instituições, comentamos acerca da necessidade de tornar pública essas nossa insatisfação, surgiu a idéia de instituirmos um prêmio anual, o Troféu Que Bosta, para laurear a pior entre as prestadoras de quaisquer serviços.
No momento em que dávamos os retoques finais às regras para a premiação e imaginávamos a forma definitiva do troféu a ser entregue, nossa cadela Clientela se pôs a obrar e em seguida a latir olhando para nós e para sua obra alternadamente. Todos nós que ali estávamos entendemos que Clientela havia prestado atenção à conversa e decidira contribuir. Concordamos por unanimidade e decidimos que dali em diante Clientela seria a responsável pela confecção (se assim podemos chamar) da estatueta (obra me parece mais adequado) que passaria a ser entregue anualmente ao ganhador ou ganhadora.
Por força do destino, ou por força de algum complô dos prováveis ganhadores, no final do ano, Clientela foi encontrada morta antes mesmo de obrar o troféu definitivo em sua primeira edição. Por essa razão decidimos que o prêmio receberia o seu nome e, por justa homenagem, seria uma representação da pobre cadela em ação e, por absoluta impossibilidade, não mais a sua própria obra.
Que Clientela descanse em paz e que no paraíso dos cães haja muita ração de qualidade e carne fresca magra, coisas que nunca teve aqui. Que os cachorros de lá tenham mais dignidade e caráter, se é que, mesmo lá, alguém se importa com isso.

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