segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Cicatrizes.
Podem perguntar-me:
Como foi?
Doeu?
Dói ainda?
Eu responderia que quando as cicatrizes estão consolidadas não doem mais fisicamente. Há exceções. Algumas, como as decorrentes de fraturas, por vezes doem quando o tempo muda.
Quando as cicatrizes não sangram mais, os ferimentos e dores físicas desaparecem ou transmudam-se em mentais ou espirituais. Nesse caso o líquido espesso de cor vermelha, que não corre mais das feridas, cede lugar ao outro, humor incolor e levemente salino, que em situações especiais ou inesperadas teima em escorrer pelos olhos.
Sementes
Algumas sementes de árvores não germinam ou, se o fazem, não se desenvolvem ao pé daquelas que lhes deram origem. Seleção dura e determinante para que procurem um local mais afastado das suas raízes a fim de que recebam água e nutrientes e da sua sombra para que recebam os indispensáveis raios do sol.
Em alguns casos os frutos e as sementes caem sob a frondosa copa da mãe. Gerações de jovens mudas nascem e passam algum tempo esperando, mirradas, que os dias da mais velha cheguem ao fim e umas poucas mais saudáveis herdem-lhe o alimento, a água e, mais ansiosamente, a luz.
Noutros casos animais comem alguns dos frutos e vão despejar os resíduos, incluindo as sementes que resistirem à digestão, em outros locais.
Espécies há, entretanto, que se anteciparam para evitar a disputa e a concorrência. Dotaram cada semente de formato, algodão, paina ou asas que lhes permitam voar. O acordo foi feito com o vento. No momento certo de deixar a proteção materna, aquele aparece e carrega os descendentes para outros lugares. As sementes viajantes pousam sobre qualquer superfície até o instante em que se dê o definitivo encontro com solo nutritivo e úmido sinalizando que é hora de lançar ancora ou raízes para perpetuar a hereditariedade.
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