domingo, 9 de junho de 2013

Difíceis dias.

Difíceis dias estes. Há quatro anos, desde o acidente, o período entre o final de maio e o começo de junho tem sido de difícil transição. Em vinte de maio o acidente, em dois de junho o aniversário dela e em oito o aniversário de casamento. Eu e os moleques voltamos ao cemitério, em 20, e recolocamos, junto ao nome da Márcia, a rosa vermelha de biscuit, feita por ela, que havia sido retirada para correção da plaquinha da lápide. Dia dois a lamentação pelo que deveria ser o seu 58º aniversário e hoje o que seria o 39º do casamento. Estranho como são marcas indeléveis essas gravadas na memória. Estranho como ocorrem coincidências ou como associamos fatos corriqueiros às nossas lembranças, chamando-os de coincidências. Sem falar dos anteriores, refiro-me ao de ontem. Caminhava pela praia, já pensando no dia de hoje e nas poucas vezes que viemos até Peruibe (outra das inúmeras coisas das quais me arrependo) quando vi, escrito na areia o nome dela. Não cheguei a ver quem o escreveu e já não havia pessoa próxima a quem eu pudesse atribuir a autoria. Estava com a máquina fotográfica e passei pelo escrito. Parei logo depois e pensei em fotografar o nome. Como a maré subia achei que não daria tempo já que as ondas apagariam as letras. Retirei a máquina da bolsa e a liguei julgando que seria inútil já que a água se aproximava depressa. Por uma das tais coincidências a espuma da onda parou junto ao nome mas não o suficiente para afetá-lo. Fiz duas fotos e me afastei sem olhar para trás. Achei melhor não ver o nome sumindo. Preferi lembrar dele ainda gravado, como de todas as coisas que os quase quarenta anos de convivência marcaram em mim.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Náufragos

A foto abaixo é uma das muitas que fiz para uma série à qual dei o nome de "Náufragos". A idéia da série é bem mais antiga que a foto, mas voltou à tona no dia em que vi um barco que havia se chocado com as pedras do canal de Peruibe/SP. Durante todo este tempo venho fotografando o barco, que somente nestes dias está sendo retirado da praia para ser consertado ou refeito. A noção de naufragio veio com as perdas que sofremos no dia a dia e com a luta, maior ou menor, que travamos para emergir do fundo dos oceanos onde somos atirados. Os outros "náufragos" e algumas coincidências com a história desse mesmo barco, vou postando aqui aos poucos.

Quinze Meses.

É vergonhoso constatar que depois de amanhã terão transcorrido exatos 15 meses sem uma única postagem. Nesses meses todos tenho tentado substituir a necessidade de escrever pela de fotografar. Não tivesse uma gentil moça, a Stephanie, colocado um dos textos em sua página do Facebook e cobrado novas postagens, eu sequer teria aberto o blog. Aliás a existência do Face tem tomado tempo e assuntos que deveriam ser utilizados aqui. Há mais tempo ainda não tenho feito gravuras. Não sei a que atribuir, com exatidão, esse marasmo, mas espero sinceramente que a vontade de escrever, de pintar, gravar e fotografar suplantem esta aparente vagabundagem. Um grande abraço prá Stephanie e prá algum eventual outro (se é que existe) que tenha sentido falta das postagens.