terça-feira, 16 de junho de 2009

O universo não cumpre acordos

As flores dessa foto foram colhidas no dia oito de novembro do ano passado. Tínhamos saído para caminhar e, na volta, as colhi para dar a ela. Como era aniversário de namoro e de noivado (trinta e seis e trinta e cinco respectivamente), achei que caberia o gesto e o humilde presente, ainda mais que ela, provavelmente, não imaginava que eu me lembraria.
Essas plantas, apesar de muito comuns próximo do litoral, não existiam por aqui e resolvi apanhar as que julguei mais viçosas. No total consegui cinco flores e disse a ela que cada uma representaria dez anos de noivado, a contar do início, em 1973. Comigo, com meus botões e com o Universo combinei de colher outras tantas neste ano, renovando o pacto, com medo de fixar em apenas cinqüenta anos o prazo selado ali. Estaríamos então beirando os setenta anos, um pouco mais e um pouco menos, e acompanharíamos o crescimento dos netos.
Sempre achei que os filhos são a grande oportunidade de entendermos nossos pais. Com os nossos erros é que entendemos e perdoamos os dos nossos pais. Com nossos filhos é que temos a certeza de que grande parte daquilo que julgávamos castigos, excessos ou cuidados demasiados dos nossos pais, era na verdade amor. E se eles ainda forem vivos temos a maravilhosa oportunidade de agradecer-lhes e eventualmente desculparmo-nos uns aos outros.
Se nos for dada, então, a oportunidade de acompanhar o crescimento dos nossos netos, poderemos servir de intermediários nessas pequenas, ou grandes, desavenças ou atritos e, quem sabe, tudo ficaria mais fácil.
Esse contrato tácito beneficiaria, portanto, a mim principalmente, pela desejada companhia, mas também aos filhos, às noras e aos netos e, com certeza aos demais parentes e amigos.
Infelizmente não adiantou e, pior, não há instância ou tribunal a quem reclamar.
Por mais corretos e necessários que sejam os acordos, o universo não os cumpre.

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