domingo, 10 de outubro de 2010

Das solidões solitárias ou acompanhadas.

Existe a solidão de quem está só porque perdeu a companhia e, durante algum, ou muito tempo, fica como que a pairar no ar, sem saber, ou sem ter, onde apoiar os pés.
Existe a solidão de quem supõe estar acompanhado. Aquele que se encontra andando numa avenida muito movimentada, ou almoçando num restaurante lotado, ou pendurado num transporte coletivo abarrotado de pessoas. Mesmo estando rodeado de milhares, centenas ou dezenas de pessoas ainda assim está só com seus próprios pensamentos.
Boas idéias acabam aparecendo nestes últimos momentos, quando você está, como se dizia no tempo do onça, dando tratos à bola.
Péssimas idéias também comparecem, apesar de não convidadas, nestas horas. É aí que bate a angustia, a depressão e aquele sentimento de abandono que já deve ter te alcançado dentro de um carro na avenida Paulista, no momento de rush. Até mesmo o aparelho de som ligado parece estar dando o fundo musical para a tua solidão. Não adianta trocar para um rock pauleira. Alguns solos de guitarra ou gritos lancinantes te puxam de volta como se estivesse amarrado com um potente elástico.
Há alguns que tentam espantar a tal, puxando conversa com o ausente/presente ao lado: Foda o trânsito hein? Com esse sal que puseram no arroz, não tem pressão alta que agüente, não é não? Geralmente essas e outras bobagens não resolvem. O desacompanhante ao lado pode estar lá com os seus próprios problemas ou estar no meio da solução de uma fórmula que dê fim ao cancro mole ou à gonorréia e vai ficar muito injuriado, o que pode fazer com que aumentem os seus problemas por causa de uma ofensa inesperada.
As crianças resolviam esses problemas criando amigos imaginários. Era comum, acho que ainda é, ver crianças conversando e até mesmo discutindo com esses amigos que só existem nas suas mentes.
Se as suas companhias não estão resolvendo o seu problema de sentir-se só sobre toda essa esfera que habitamos, crie um amigo ou amiga imaginária. Fale com eles, gargalhe da piada que lhe contar, vá mostrar-lhe o parque. Chore da desgraça que ele ou ela lhe contar. Afinal essa dor pretensamente imaginária vai ser igual à sua.
Não se importe com as pessoas aparentemente próximas fisicamente. Dane-se quem estiver olhando ou comentando. Não se envergonhe. No final das contas essas pessoas não são mesmo suas amigas.

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