quarta-feira, 7 de abril de 2010

Compartilhar despertares

Se eu pudesse definir, de maneira absolutamente curta, o que é casamento, diria “dormir junto”. Talvez melhor ainda seria “acordar junto”. É claro que a definição estaria fundada na minha própria experiência e expressaria a redução das reduções de uma relação absolutamente complexa. Sei de casos em que casais dormem em camas e até em casas separadas, mas, pra mim, ainda valem os termos quarto do casal, cama de casal e outros significando a mesma união de corpos e espíritos, de maneira continuada.
Quando falo em dormir juntos, também não estou me referindo ao ato sexual que exige o estar acordado. É o dormir e o acordar com alguém ao seu lado. O conforto e a segurança da pessoa amada ao alcance de um sussurro ou de um toque. O calor de um outro corpo nas noites frias do inverno. O desconforto de um ronco ou de um braço quente sobre o corpo quente numa noite de verão, o virar e desvirar durante o sono. O acordar com o cabelo desarrumado, diferentemente das bobagens dos filmes e das novelas em que os mocinhos e as mocinhas dormem e acordam maquiados, penteados e com o refrescante hálito dos Alpes suíços.
Uma coisa quase presume outras. Café da manhã e jantar juntos, por exemplo. Conversas sobre os projetos ou as ocorrências do dia, tanto as agradáveis quanto as indesejáveis. As agradáveis melhoram e afagam os espíritos de ambos. As desagradáveis são mais bem toleradas e suportadas, quando divididas ou compartilhadas. Noutras ocasiões é simplesmente o ombro ou o ouvido amigo a escorar ou escutar as palavras que deixaram de ser ditas durante todo o dia e que precisam ser colocadas pra fora para evitar o estouro das nossas represas internas.
Permanecem as individualidades. O trabalho de cada um, os hábitos mais arraigados, os passatempos, mas mesmo estes acabam sendo influenciados pela companhia e pela convivência.
Como já escrevi, trata-se de construir um novo ser composto de outros dois, como num jogo de encaixes no qual as peças vão se polindo e ajustando até formarem um só conjunto.
Há quem diga que não é mais assim. Que isso é coisa do passado. Que as relações duradouras estão fora de moda. Que a convivência desgasta a relação. Acredito e espero que não.
Esta semana uma menina que eu adoro e um rapaz de muita sorte resolveram dividir uma casa e as próprias vidas. Depois de um namoro de muitos telefonemas e encontros aos finais de semana, feriados e férias, Thais e Antonio vão compartilhar diuturnamente despertares.
Faço votos que a inteligência de ambos e o amor que sentem possam contornar ou suplantar os problemas e dificuldades que certamente virão. Que cada arranhão na convivência sirva de degrau para aprimorar a felicidade da dupla.
Que a advogada e o médico reservem tempo e espaço para cuidarem bem um do outro e que cliente nenhum receba mais atenção do que as metades que começaram a formar um único todo. Felicidades!

Um comentário:

Unknown disse...

Meu paizinho...por essa e por outras razões (inúmeras outras) que você é uma das pessoas mais especiais da minha vida! Se tibver metade dfas coisas que me deseja já serei a pessoa mais feliz do mundo. Já sou uma delas só por ter você comigo, ainda que um pouquinho...
Te amo muito, muito, muito!
Thais