segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Locupletemo-nos!

Caro José Ribamar, apesar de não nos conhecermos pessoalmente, com certeza temos muitas coisas em comum. Eu mais conhecido por Flávio e você por Sarney (as duas palavras com seis letras), você morando no Maranhão e eu em Miracatu, ambos começando com a letra M e com a mesma quantidade de letras, oito. Com certeza isso já bastaria para nos tornar próximos. Você nasceu no estado cuja sigla é MA e eu no estado cuja sigla é SP, ambas, por mais impressionante que pareça, com duas letras. Você nasceu no ano de 1930 e eu no de 1950. Três dos números são idênticos e tanto o três quanto o cinco apresentam uma curva na parte inferior. Nós dois lidamos com Política e Literatura. Você foi Presidente da República e eu Presidente da Cruzada Eucarística Infantil. Nos dois escrevemos e ambos temos obras de insignificante conhecimento e reconhecimento públicos. Isto só já seria mais do que suficiente para que partilhássemos uma churrascada na mansão que você tem na praia de Calhau, em São Luiz, ou aqui na modesta casa (de campo já que no interior de um sítio) em Musácea.
Estas coincidências todas, entretanto, nada significam diante do mais importante. Ambos somos avôs. E absurdo dos absurdos, ambos temos netas com o magnífico nome de Beatriz, imortalizado pelo eterno Jobim (não o seu ex-companheiro de Senado, mas o Antônio Brasileiro, o Tom). Tais similitudes me deixam com os pelos do corpo eriçados. Nos proporcionam, muito mais do que uma grande amizade, quase um parentesco.
É escorado nesse parentesco e nessa infindável série de semelhanças (além das já citadas, ainda temos dois olhos, dois braços, duas pernas, uma calva que avança em direção ao cocoruto, bigodes (os meus mais comedidos e acompanhados por uma barba) e sermos ambos brasileiros) que venho pleitear-lhe alguns cargos (da nossa cota, permita-me chamá-los assim) para pessoas da minha família (ou nossa, como demostrei às escâncaras).
Quero salientar, caro amigo, que minha neta Beatriz, de quatro anos, ainda não tem namorado, como a sua Beatriz. Esse pequeno detalhe, entretanto, não impede que você providencie uma colocação de bom salário (como fez com o nosso querido Henriquinho, namoradinho de nossa Beatriz, sua neta) para alguém indicado pela nossa Bia (minha neta).
Como aposentado explorado pelo outro José (o Serra), coloco o meu nome à sua disposição para a nomeação (secreta ou não) num dos órgãos da Capital Federal onde temos cotas de empregos. Obviamente só permanecerei no cargo até que a nossa menina (minha neta) firme-se com algum pretendente, o que deve ocorrer por volta de dois mil e vinte e cinco, quando o pai a deixará namorar.
Tomo tal iniciativa, obviamente por necessidade, mas também para cumprir a máxima defendida pelo nosso querido Barão de Itararé “Ou restaura-se a moralidade ou nos locupletamos todos”.
Um beijo para a Marly e para as crianças e um fraternal abraço pra você.
P.S. – Tenho certeza da dificuldade que tem o amigo, apesar de literato, em entender o significado da palavra moralidade, mas é óbvio que o encontrará em qualquer dos dicionários de mediana qualidade à venda em quaisquer livrarias e supermercados.

2 comentários:

Talitha disse...

Soube que lá tem uma gráfica que os trabalhadores são muito bem reconhecidos (leia-se remunerado). Eu, formada em Design, poderia ir para lá, de quebra ainda faço companhia para você.
Oh que legal?!

:D

Beju

Unknown disse...

Nooooossa!!! Que alegria encontrar alguém de Musácea! Nasci aí e tenho muitas saudades. Muito interessante as suas semelhanças com Sarney - rsrsrs. Da mesma forma, já sinto ter laços de parentesco contigo, por vc ser habitante de um lugar que trago na memória com tanto carinho. Talvez esse novo parentesco desabone menos do que a semelhança com o Sarney. Quando meus pais foram morar aí, 60 famílias estavam deixando o lugar. Ainda existe "vida inteligente" aí além da sua ou sobraram só as bananeiras? Me diz! Um abraço da sua nova "sobrinha",
Gina (o e-mail é da minha mãe, mas é esse que uso)