quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!

Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, lançou há muito tempo a frase “Ou se restaura a moralidade ou nos locupletamos todos”. A frase pode não ser exatamente essa e há quem atribua a autoria a Millôr Fernandes, ao Barão de Itararé ou até mesmo a Rui Barbosa. Seja lá como for tem a ver muito com os tempos de pura sacanagem em que vivemos. Tem a ver com as maracutaias que vemos todos os dias nos mais variados meios de comunicação. Nada escapa ao vírus da filha-da-putice que contagia quaisquer esferas sejam públicas ou privadas. Vai de igrejas a governos, de parlamentos a associações civis e não infesta apenas esta ou aquela nacionalidade. É de caráter amplo, geral e irrestrito.
Obviamente Sérgio referia-se à moralidade pública e aos meios pouco ou nada honestos de enriquecer (se é que há meios honestos de enriquecer-se ou locupletar-se). Infelizmente o mandamento cunhado por ele dá a impressão de que há uma alternativa para a felicidade universal. Ou todos nós nos portamos como manda o figurino (que a cada dia está se tornando mais flexível) ou todos nós dançamos de acordo com a música (a sinfônica mutreta que nos assola).
Que me perdoe o Lalau (como também era conhecido Sérgio Porto), mas trata-se de crudelíssimo engano. Por mais que isso doa muito mais que a minha hemorróida, não há escapatória. Nenhuma das duas alternativas é possível!
Restaurar-se a moralidade, como cogita o autor, pressupõe que a tal tenha existido um dia, em qualquer canto do planeta. As cruzadas, as guerras, a escravidão, o nazismo, o fascismo, as invasões americanas, as grandes corporações e milhares de eteceteras provam exatamente o contrário. Não há como restaurar-se uma obra de arte que nunca existiu. Não é possível reformar o imóvel que não se ergueu.
Locupletarmo-nos todos é absolutamente impossível. É o que prometiam todas as fraudulentas “correntes da felicidade”. Como pode alguém ficar rico se não for à custa dos outros? Como pode um país transformar-se numa potência senão pela exploração da população e das riquezas naturais de outros países? Pode o bispo, o missionário, o padre ou o pastor comprar emissoras de rádio e televisão, aviões e helicópteros, mansões aqui e no exterior sem a exploração de suas ovelhas? Posso ter lucros absurdos sem a exploração da mão de obra ou dos consumidores?
Não sei se há luz no final desse túnel. Sempre resta a esperança de haver, até porque onde há a escuridão há (ou haverá) também a claridade. Por via das dúvidas, talvez seja o caso de cada um de nós acendermos já uma vela. Fazermos a nossa parte. E creia, é muito mais difícil do que parece!

2 comentários:

Anônimo disse...
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Flávio Paes Pedro disse...

Hoje, revisitando o blog, para o qual nada tenho postado já há algum tempo, encontrei um comentário neste post com a corajosa assinatura "anônimo". Nestes tempos de assumida canalhice tipo: "mulheres que merecem ser estupradas", "pobres que devem ser operadas para que não coloquem mais filhos no mundo sujando as praias do Rio de Janeiro", "negros que devem ser pesados em arrobas", "homossexuais que não devem conviver em sociedade", apologia da ditadura militar e da tortura, salários menores para as mulheres porque engravidam e outras imbecilidades com direito autoral garantido, não me parece minimamente plausível que uma mensagem favorável ou desfavorável, numa postagem de um bloguezinho humílimo seja lançada na vala comum dos "anônimos".
Como estou tentando encontrar uma postagem relativa a um aniversário, e esta apareceu assim que abri o blog, podem existir algumas outras "anônimas" que terão o mesmo destino desta.
Forte abraço!

Flávio.