quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Aparente incompetência.

Quem viaja pela rodovia Padre Manoel da Nóbrega, da BR 116 à Baixada Santista, com certeza já caiu em dezenas ou centenas dos milhares de buracos existentes no trecho Miracatu / Peruíbe. Motoristas desavisados ou desinformados já elegeram as mães dos responsáveis como alvo das mais inomináveis ofensas.
Não se trata, como julga a maioria, de exemplar falta de capacidade administrativa ou de deslavado desleixo de Geraldinho, o Governador do Estado. Também não se pode afirmar que se trata de governo inoperante ou que os órgãos estaduais, que deveriam cuidar da manutenção e da segurança dessa estrada, estejam defecando e caminhando para os usuários que inadvertida ou obrigatoriamente se utilizem da mesma.
Eu que, depois da morte da Velhinha de Taubaté (Luis Fernando Verissimo), sou o único habitante do país que ainda acredita que os governantes governam, os legisladores legislam e os magistrados julgam, tudo dentro do absoluto respeito à lei e às necessidades maiores do povo, imagino que algo de bom esteja por trás dessa aparente canalhice.
Uma das coisas que me ocorre é a existência de um amplo e profícuo acordo entre o Governo do Estado e as fábricas e empresas ligadas aos veículos. O governo e as empreiteiras providenciam as construções e reformas de estradas com materiais vagabundos e superfaturados. Depois não fazem nenhum tipo de manutenção de tal forma que qualquer garoa, cuspida ou mijada de cachorro provoque buracos. Em seguida, as carretas com excesso de carga não fiscalizada transformam cada buraco em cratera. Finalmente entramos nós todos, os usuários, como cobaias, testando as suspensões e os pneus dos veículos. Após cada quebra ou dano nos dirigimos às oficinas, borracharias ou concessionárias e pagamos os consertos.
Ganhamos todos nós. Os administradores que gastam pouco e ainda levam um por fora. As fábricas e suas concessionárias que ganham muito e ainda testam seus produtos, não em testes, mas no uso real, no dia a dia. As oficinas, com mais serviço, geram empregos. Os acidentados utilizam guinchos, mecânicos, funileiros e borracheiros. São encaminhados aos hospitais que precisam de mais médicos, enfermeiras e atendentes. Cada um de nós, as cobaias, ganhamos em experiência, paciência e tolerância além de um, não comprovado cientificamente, aumento do volume da bolsa escrotal.
Os quase novecentos reais que gastei com conserto de suspensão, troca de amortecedores, alinhamento e balanceamento de rodas do meu pobre Mille não são nada diante de todos esses benefícios e vantagens.
Perdoem-me senhoras mães.

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