quarta-feira, 20 de julho de 2011

Greve de Verbos

Sou, absolutamente, pela liberdade sindical, assim como sou inteiramente favorável à liberdade de paralisação do trabalho por aqueles que se dedicam de sangue, suor e lágrimas ao empregador no antropófago sistema capitalista em que vivemos.
Isso, entretanto, não me impede de comentar, e lamentar, a demorada e inquietante greve de verbos que me assola. Fundamentais e imprescindíveis agentes dos atos e movimentos dos sujeitos, muitos deles, há algum tempo, não tem vindo ao serviço, o que me preocupa assustadoramente.
Alguns, que eu classificaria na vertente classista dos passivos, como assistir, ver, dormir, escutar e calar, por exemplo, tem comparecido regularmente. Outros como rascunhar, escrever ou garatujar, por insistência dos amigos ou por piedade, aparecem esporadicamente. Os mais ativos, porém, nem aparecem e nem mandam representantes com a pauta de reivindicações. Há muitos meses, pintar, gravar, andar, correr, passear, visitar, divertir e gargalhar deixaram de dar as caras.
Penso, sinceramente, em recorrer ao Juízo competente. Que não me tomem por nazista, fascista, direitista, bolsonarista, malufista ou outra escumalha do gênero mas, em última análise, por absoluto desespero de causa, vou recorrer à Polícia e às suas bombas de efeito moral, cães, cassetetes e balas de borracha. Danem-se os feridos!

Um comentário:

Bruno Paes Pedro disse...

me mande a tradução por email