terça-feira, 20 de julho de 2010

De madames, cachorros, gramados e cagadas.

Juro que é verdade! Há algum tempo assisti num dos canais de televisão uma madame reclamando que havia gente demais cuidando de crianças abandonadas e muito pouca gente cuidando de cachorros abandonados. Ao que me recordo, movia-se num carrão importado e transportava sacos de ração para os abandonados de quatro pernas. Nada contra dar-se um destino digno e adequado aos cães e gatos (ou quaisquer outros animais) abandonados. O que me parece indiscutível é que nunca haverá gente demais para cuidar de crianças abandonadas. Se houvesse uma só, ainda assim seria responsabilidade de todo mundo.
Já escrevi aqui a respeito da metodologia utilizada para cortar a grama de um gramado, com uma roçadeira motorizada, para quem, como eu, tem cães soltos. Quem inventou a expressão “espalhar merda”, por certo tinha cães soltos, um gramado e uma roçadeira motorizada. Ditos cães tem o péssimo hábito de defecar sobre a viçosa grama. Tem mais, nunca, saliento, nunca, voltam a cagar sobre o montinho anterior, o que poderia facilitar o trabalho de limpeza. Mais ainda, a viçosa grama, se não socorrida em tempo vai a óbito debaixo daquele monturo de porcaria. Engana-se redondamente quem imagina que “aquilo” possa servir de adubo.
Para quem não é dado a criar o referido quadrúpede, é necessário esclarecer que o tamanho do monturo é diretamente proporcional ao tamanho do cachorro e, por conseqüência, do orifício expelidor. É preciso dizer também que os cães sabem de antemão por onde deveremos passar e, além disso, sabem se estaremos de sapatos ou pneus novos. Quanto mais reentrâncias houver no solado do sapato ou sulcos nos pneus, mais aderentes estarão os dejetos. Sabem com a devida antecedência quando deveremos sair ou voltar para casa. Programam-se para depositar os toletes pouco antes de voltarmos. Sabem que se o fizessem antes de sairmos, no caso dos carros, os restos iriam sendo atirados pelas ruas e estradas. Como a deposição ocorre pouco antes do nosso retorno, geralmente no escuro, acabamos carregando a pasta e o respectivo cheiro para dentro de nossas casas ou garagens. Para distrair ainda mais nossa atenção, quando chegamos, latem, uivam e abanam os rabos com o único e firme propósito de fazer com que desviemos nosso olhar do exato ponto onde se deu o depósito.
Deveria ser proibida a criação de cachorros grandes. O padrão deveria ser o Chihuahua. Cães maiores deveriam ser mantidos nos circos ou zoológicos para que pudessem ser apreciados à distância, assim como os elefantes ou hipopótamos. Afinal, quem cuida de remover a bosta desses bichos, tira de letra a de qualquer cachorro. O critério para ser mantido nas residências poderia ser também o volume dos dejetos diários. Nada maior do que o tamanho de um quarto de uma salsicha comum e obrigatoriamente seco. O governo deveria proporcionar cursos para que todos os cachorros passassem a defecar numa espécie de latrina com a obrigatoriedade de dar a descarga. Até estarem devidamente instruídos ficariam internados em escolas sob a responsabilidade de um ministério ou secretaria criada para tal finalidade. Todas as despesas daí decorrentes correriam às expensas de fabricantes de rações e proprietários de lojas de produtos para cães.
Hoje, quando fazia o humilhante trabalho da coleta dos toletes amolecidos pelas chuvas, lembrei-me da referida madame. Desejei que estivesse aqui. Ia obrigá-la a engolir, no mínimo, as próprias palavras.